1 de set. de 2012

DINHEIRO QUE DEUS DÁ?

Riqueza pode ser bênção, mas também é responsabilidade. Em livro muito bem escrito, quase convincente, Paul Zane Pilzer discorre sobre o tema “Deus quer que você enriqueça”, um prato delicioso para os defensores da Teologia da Prosperidade. Foi lá e buscou as passagens que poderiam secundar esta visão da fé judaica e cristã e sobre elas discorreu. Riqueza bem administrada em favor de um povo é progresso, logo, querer ficar rico para ajudar um povo a progredir é coisa do céu!  O livro não deixa de ser interessante! Entusiasma quem gosta de dinheiro, de riqueza e de conforto. Deixa claro que não há contradição entre ser rico e ser fiel a Deus!
Mas aí vem o outro lado e, com ele, as outras passagens que o autor evidentemente não abordou, porque seu objetivo era defender a riqueza e não o desprendimento. Jesus diz que não é fácil ser rico e ser um bom crente. (Mc 10, 23-24)
O que, exatamente, está condenado no judaísmo e no cristianismo? O que está recomendado? Afirma Jacques Attali, falando sobre “o judaísmo, o dinheiro e o mundo”, que o Talmud ensina que a economia não consiste em tomar riquezas dos vizinhos, mas em criar riquezas novas, para não privar ninguém de seus bens. Por isso, a importância dos bens férteis, que criam riquezas, a terra, o dinheiro, a inteligência! Deus abençoa os empreendedores.
Dizer que os católicos não pensam assim é ignorar intencionalmente mais de 50 documentos da Igreja desde Leão XIII que, se combatem a riqueza injusta e opressora, elogiam e incentivam a riqueza fértil, a que produz empregos e cria a justiça distributiva. Rerum Novarum, Gaudium et Spes, Populorum Progressio, Solicitudo Rei Socialis, Medellín, Puebla, Aparecida, são nomes que lembram justiça, partilha, direito de possuir e que condenam o apossar-se, a corrupção, o capitalismo e os sistemas que esmagam a pessoa humana.
O livro citado justifica a busca da riqueza como bênção de Deus. Está certo em parte. Mas seus leitores fariam bem se lessem outros livros que mostram o que está em Mateus 25, 31-46, em Marcos, em Lucas e em Tiago sobre o porquê da riqueza e o que acontece com quem não a partilha. Toda moeda tem dois lados: um é nosso, o outro é dos outros!

Pe. Zezinho, scj