4 de fev. de 2012

SUBSTANTIVOS E SUBSTANCIAS

Uma liturgia pode ser moderna e sem conteúdo, uma obra pode ser moderna sem conteúdo e uma canção também pode ser moderna sem conteúdo. Modernidade não é símbolo de profundidade e de cultura.
Nem sempre o que se proclama progressista e avançado é culto; pode-se ser muito progressista e muito avançado e também muito superficial. Tabula rasa se diz de quem canta de um jeito moderno, mas não diz coisa com coisa. O músico introduziu um instrumento novo na sua canção, mas a letra continua ruim e a melodia pior ainda, pode até ser moderno, mas o fato de tocar um instrumento raro não faz a melodia melhor do que a outra, nem mais profunda.
Novo não é o mesmo que profundo e diferente não é o mesmo que inteligente. Só porque a mensagem foi dita num tom diferente ela não se torna coerente. É assim na política, é assim na religião, é assim na vida. A moça que se despe mais não é a mais bonita; é apenas a mais despida. Uma outra pode ser mais bonita, muito mais feminina e estar vestida da cabeça aos pés.
O mundo de hoje confunde muito as coisas. Acentua o superficial e o visual e esquece-se de colocar o assento no real e no conteúdo. Estamos nos tornando uma sociedade sem conteúdo, vazia e sem profundidade, em todos os setores. No dizer de G. K. Chesterton, no seu livro Ortodoxia estamos praticando o suicídio do pensamento.
Nos pneus há uma válvula pela qual entra e também pela qual o ar escapa. Se o pneu tem furos, perceptível ou imperceptivelmente ele se esvazia. A nossa é esta sociedade: muitos furos e uns visíveis esvaziamentos. Veja quem anda falando e cantando no rádio e na televisão. De tanto popularizar vulgarizaram. Ou o desfile de nudez que se vê em mais de 30 programas semanais da televisão é profundo? Transmite que valores?

Pe. Zezinho scj