7 de fev. de 2012

HISTÓRIA DE SIMONE - MÃE ADOLESCENTE - CAPÍTULO 11

NÃO ABORTAREI JAMAIS

Simone, você fala muito de perdão e de pureza. Porque a ideia de pureza é tão importante para você? Porque se acha suja e, ao mesmo tempo, quer ser vista como pessoa pura?
Porque estou confusa. Porque sei que no fundo não sou uma "aborteira". Eu conheço meninas que resolveram o problema abortando. Não vou dizer que sou melhor do que elas só porque não abortei, mas eu, pelo menos, me sentiria muito mais culpada se tivesse abortado meu bebê. Quero ser mãe, mesmo que não esteja preparada para isso. Eu fiz sexo também sem estar preparada. Mas estou muito menos preparada pra ser assassina.
É uma palavra muito forte, Simone!
Mas é assassinato! Não é porque meu filho tinha cinco semanas e agora vai para os seis meses que a coisa muda. Se abortasse no começo seria crime igual ao crime de abortar agora. Seria o mesmo filho...
Você é terrivelmente lógica e inteligente, mas, a palavra "aborteira" não lhe parece cruel para com suas colegas que abortaram?
Tem a mesma crueldade que "mãe solteira". Só que mãe solteira é a mulher que não teve coragem de matar seu filho. Melhor ainda: a que teve coragem de não matar o seu bebê. E das duas é a mais corajosa porque enfrenta a sociedade, com a verdade da sua gravidez.
Eu não disse? Você é muito clara nas ideias. É inteligente!
Mas fui burra o suficiente para me entregar a quem não me queria de verdade! Não fui?...
Mas você tem consciência de que, quando existe amor e um assume o outro, não é drama nem tragédia?
Lá em casa é tragédia. Meus pais não se fazem carinhos. Só na cama, ao que suponho. Sabe que eu nunca vi eles se beijando, como quem adora viver juntos? Eles mais se agridem do que se acariciam. E, se casamento for isso, eu nunca me casarei.
Não é isso. Você precisa entender que tipo de formação seus pais tiveram. Há casais que tiveram mais sorte. Foram melhor informados: namoram bonito vinte anos depois do casamento. Se quiser, arranjo pra você passar uma semana na casa de um deles.
Seria lindo, mas primeiro vou ter o meu filho na casa de minha tia que me orientou. Fez-me ver que errei, mas não me agrediu. Se não fosse ela talvez tivesse feito uma grande bobagem. Sei lá... Fugindo de casa. Mas não vou fugir não! Eu fico. Eu e meu bebê.