Entendo Simone. Quer continuar?
Foi céu nos três primeiros meses e paraíso quando a gente transou. Foi lindo, mas só naquelas horas. Foram só três vezes, mas foi lindo. Eu não tive nenhum remorso nem vergonha, porque eu não achei que foi sujo. De repente, a menstruação não veio. Aí começou a ser purgatório, porque, logo depois, pintou a agressão, a mentira, a sujeira e o desrespeito. E eu tive medo. Tive muito medo, padre! Mas ainda não era inferno. E quando eu comecei a sentir aquelas coisas, que são típicas de gravidez, ainda era bonito e ainda era purgatório. Era sofrimento e medo, mas valia a pena, porque eu tinha certeza que o Duda iria assumir o nosso bebê. Eu achava que a gente casaria, mas virou inferno quando contei a ele e ele me disse: "Eu sabia! Mas como você pôde ser tão burra! Pô, tanta informação e você vai engravidar desse jeito: como 'vaca de curral'! Podia se cuidar né guria? Pode tirar o cavalo da chuva, porque eu não caso com você".
Ele disse isso desse jeito? Bem desse jeito!
Aposto que ele é exceção! 95 entre cada 100 rapazes nunca chamariam a namorada grávida desse nome. Eles também têm sentimento!
Mas ele disse e é por isso que tenho ódio. E disse mais:
"Eu não quero problema; não tenho dinheiro e nem emprego e não dá para ter família agora. E, se você forçar a barra, eu vou exigir um teste, para ver se sou eu mesmo o pai. Se quer um conselho, tira isso aí em quanto é tempo! Vai ser melhor para você e para mim".
Eu quis morrer, padre, porque, em poucas palavras, me chamou de puta, de vaca, e promíscua, de profissional do sexo, e tratou o nosso filho, uma coisa tão pura, fruto de um amor, de “isso aí”. Era como se estivesse falando de um pedaço de vaca que estivesse dentro de mim. E foi isso que eu me senti: vaca! "Tira isso aí..." passei quase uma semana chorando, tendo pesadelo com a reação dele. Minha irmã, que dormia comigo no mesmo quarto, desconfiou e alertou meus pais!