22 de out. de 2011

VENDE-LAS NA FARMÁCIA?

Assustados com o que andam lendo e ouvindo na mídia, alguns pais nos escreveram pedindo uma palavra do padre sobre isso de descriminalizar a droga e vendê-las nas farmácias, junto com as outras que há anos já fazem parte dos remédios que os doentes compram. Segundo eles, o usuário de drogas é um doente, porque depende delas. Então é melhor que possa achá-las na dose adequada e acompanhados, numa farmácia, do que comprá-la cheia de misturas de um traficante na rua. Já que não fica sem ela, que a encontre onde é mais controlada. Os argumentos são muitos. Dariam uma lista de 20 ou 30 a favor. Os argumentos contra também.
Começa pela enorme diferença entre descriminalizar e vender na farmácia. Uma coisa é não considerar crime o ato do dependente que a compra, enquanto se considera crime gravíssimo o ato de quem a vende e outra coisa totalmente diferente é vender na farmácia. Seria o mesmo que descriminalizar o porte de armas de alto poder destrutivo, desde que o portador não as venda nem as use contra os outros e, além disso, para controlar o contrabando, que se permita vendê-las em qualquer loja autorizada. Não há muita diferente entre armas e drogas que podem matar. Assim como há viciados em drogas, há viciados em armas. As drogas continuam sendo uma arma perigosa nas mãos de quem quer que seja. Um crime não fica mais tolerável só porque a pessoa usou arma contra si mesma. Continua sendo um ato de morte.
Na opinião da Igreja uma coisa é o tratamento que se deve dar ao dependente e outra ao traficante. Mas vender nicotina, sedativos, heroína, estimulantes, tranqüilizantes, crack, ecstasy, cocaína maconha, alucinógenos, álcool, inalantes, na dose que o sujeito precisa é vender arma para o sujeito atirar em si mesmo. Quem vai controlar a vida dele? Quem garante que, tomada a dose na farmácia com as bênçãos dos agentes de saúde do Governo ele não vai querer a dose extra num escuro beco da vida? Uma coisa é a teoria que sempre se lê no condicional e outra a realidade que se lê no presente, no passado e até no futuro.
Seria tudo muito lindo se, drogas vendidas na farmácia, os traficantes desaparecessem ou se fizessem monges arrependidos. O problema é que eles continuam a vendê-las. A Holanda liberou o uso da maconha e o consumo subiu 400%. Os vendedores não foram informados da teoria de que, liberada a venda eles iriam embora do país...
Pe Zezinho scj