Não sabemos explicar a dor, a morte e os acidentes naturais. Escapam ao nosso julgamento. Não temos suficiente perspectiva para julgar o que é muito maior do que nós. Não temos dados suficientes para dizer se faz ou não faz sentido para todos os seres humanos. Pode não fazer para nós, mas isso não quer dizer que não faz sentido para todos. Muita gente encontra sentido onde nós não encontramos.
Imagine um construtor que cria o projeto de um gigantesco prédio a ser construído aos poucos, parte por parte. Na execução, os engenheiros e mestres de obra vão mudando o que podem e o que não podem mudar e, no fim, o projeto já não segue mais o projeto original. Dá outra coisa. Culpa de quem?
Imagine um criador de receitas saudáveis e saborosas que cria um bolo extraordinário e passa a receita para que seja multiplicada. Aí, centenas e milhares de confeiteiros resolvem acrescentar suas porções, seus ingredientes e suas fórmulas. Resulta que praticamente nenhum produto sai com o sabor e a consistência da criação original. Alguns intoxicam. Culpa do criador, ou de quem modificou a receita?
É assim o mundo. Se saiu errado, mudou de sabor e de consistência, não culpemos o Criador. Ele não sugeriu terrorismo, nem 50 milhões de assassinatos, 30 mil atos de genocídio, torturas e massacres, 15 milhões de km2 desmatados, 300 mil km de rios poluídos, 130 mil km praias conspurcadas, extinção de rios e de animais. Nem sugeriu bombas, venenos, exploração e má divisão do bolo, desvios do sexo, da fé ou da verdade. Pequenos Adão e Eva foram chegando e brincando de deuses. Decidiram que era certo o que faziam e quem devia lhes dar dinheiro e terras e riquezas. Se alguém não dava, tomavam. Mudaram quase tudo! Agora culpam quem fez o projeto original.
Não! Deus não criou, nem cria o mal. Há forças naturais que Ele arquitetou. Quando elas acontecem, a gente até pode e tem o direito de querer explicação porque ás vezes não faz sentido. Mas na maioria dos casos, nosso sofrimento é fruto de pessoas que brincaram de ser deuses.
O mal existe e cremos que Deus não o quis. Há quem creia que ele o quer. Mas aí já não estamos falando do mesmo Deus. O Deus em quem cremos quer o bem e sabe o que é bom para nós, mesmo quando nós achamos que não é. Perguntem aos pais se eles entendem isso! Perguntem ao menino de oito anos e ao adolescente de treze, se eles entendem!