29 de mar. de 2012

A MISSA DAS 9:30

Encontrei uma paróquia que me impressionou. O padre era austríaco, falava com sotaque, mas o seu português era correto. Seu sermão foi uma verdadeira homilia. Explicou de maneira culta e acessível o conteúdo das três leituras. O som era claro e perfeitamente audível. Os comentaristas, leitores e as leitoras, entre elas duas crianças, leram sem cometer um deslize, português claro, escorreito, ênfases adequadas, leitura nota 10. O coral escolheu cantos que tinham tudo a ver com a missa. Alternou entre o coro e o povo. Música bem executada. Nenhum instrumento abafou os outros. Nenhum cantor abafou os outros. Aquela, sim, foi uma liturgia eucarística.
Se eu pudesse recomendar aos sacerdotes, comentaristas, leitores, músicos e cantores que admitem que precisem aprender um lugar aonde pudessem ir para aprender com a simplicidade de uma celebração bem feita indicaria a missa das 9:30h de domingo daquela paróquia, numa cidade do Rio de Janeiro. Não sei se as outras missas são celebradas com o mesmo cuidado e esmero, mas aquela foi. Não dou o endereço porque o pároco não me permitiria tal publicidade.
Não é tão difícil! Há muitas paróquias no Brasil onde participar da missa é uma graça especial. Os padres não se exibem, nem ocupam maior espaço do que aquele que a Igreja lhes designa, pregam homilias e explicam o tema do dia ao povo, dificilmente falam de si mesmos. O coro não aparece demais, o som não é estridente, os músicos sustentam o canto sem aparecer ou chamar a atenção para o seu instrumento, os cantores cantam sem vedetismo e levam o povo a cantar junto, os leitores raramente erram, porque ensaiam até os acentos e as ênfases, o som é bem dosado e controlado e as canções respeitam o tema daquele dia.
Há na Igreja Católica uma disciplina chamada Pastoral Litúrgica que se ensina nos institutos de teologia e de pastoral e que, quando os leigos a querem se estende também a eles. Esta matéria discorre sobre a história, as origens, o desenvolvimento, o conteúdo, as razões do culto católico e preparam gente para adornar, preparar o lugar do culto, pregar, presidir, comentar, tocar e cantar. Tudo bem simples ou bem solene, mas sempre na maior seriedade. A pastoral litúrgica não tem sido levada a sério e muitas localidades, acham o improviso bonito, mas reclamam dos cantores famosos quando percebem que o show que trouxeram para a cidade foi improvisado.
Felizes os paroquianos cuja comunidade prepara e assume a sua celebração eucarística. Ali a expressão “Ele está no meio de nós” vem plena de sentido.  Constato com alegria que aumentou de maneira visível o número de paróquias onde o padre e o povo agem com esmero. Querem o melhor para Deus e dão Deus o que a paróquia tem de melhor. Não vale qualquer leitura, nem qualquer canto, nem qualquer um improvisando de qualquer jeito. Os padres cuidam disso. Nota 10 para esses padres exigentes!       

Pe Zezinho scj