22 de mar. de 2012

CORPOS FERIDOS

Tinha um problema na perna. Jogava-a para o lado e para frente para poder andar. Mas andava. Depois do aneurisma, reaprendeu a andar para reaprender a viver.

Passou sereno por mim naquela alegria de pessoa que venceu na vida. Venceu a dor. Pensei nos milhares de homens, mulheres e crianças que carregam no corpo um sinal de dor.

Ouvidos, olhos, diabetes, braços, mãos, pés, pernas, estômago, rins, pulmão... Algo não funciona. Então eles se armam de teimosia e dominam o corpo que tenta dominá-los.

São pessoas lindas e fortes. Como velas quebradas provam que se pode emitir a mesma luz que as velas inteiras porque sua luz não vem de fora, mas de dentro.

Não sei o que seria do mundo sem eles. Certamente seria um mundo mais fraco, mais insensível e mais triste. Aquelas pernas e aqueles olhos atingidos pela doença continuam úteis. Eles mostram que o ser humano é mais do que aquela máquina chamada. A pessoa que leva o corpo é maior do que o corpo que a leva!

Pe. Zezinho scj.